Desde que Daniel dos Santos foi preso em Ribeirão Pires, no último dia 1,  ao ser condenado a cinco anos de prisão, sua família tem lutado para reunir provas que comprovem sua inocência. O morador do Rancho Alegre é apontado como um dos membros do grupo responsável por assaltar um carro da Prefeitura de Francisco Ayres, município do Piauí, que transportava um malote contendo quase 30 mil reais, em setembro de 2010 - fato em que Daniel não teve qualquer envolvimento, segundo familiares e os advogados de defesa.  

Na última sexta-feira (10), a Folha entrevistou Doraci França dos Santos Nunes, que falou sobre os dias angustiantes vividos pela família e por seu irmão. Ela conta que Daniel estava em casa quando foi surpreendido com a visita da Polícia Civil e o mandado de prisão expedido no estado do Piauí, em seu desfavor. “Até aí, ele não entendia a situação. Ele foi levado para a Delegacia de Polícia de Ribeirão Pires e só lá tomou ciência de que estava sendo preso por um roubo que aconteceu no Piauí, em 2010”, conta.  

Ocorre que, de acordo com a defesa e família, Daniel nunca esteve no Piauí e, no dia e horário em que o roubo ocorreu, por volta das 15h, estava trabalhando em Ribeirão Pires como montador de móveis, até 16h49 - informação presente no cartão de ponto da empresa. 

A família alega que Daniel teve seus documentos falsificados pelo criminoso que participou do roubo há 10 anos. Nessa época, também houve alguns problemas quanto à solicitação de serviços em seu nome, mas que não haviam sido contratados por ele.  

Outro ponto apresentado pela defesa é a divergência entre as assinaturas e a foto utilizada na carteira de habilitação. “São erros grosseiros, absurdos, que até uma pessoa leiga consegue ver. Os documentos foram clonados, montados em cima do dele”, diz.  

“Como o processo correu em Piauí, o Daniel nunca teve acesso a nada. Ele não teve acesso à intimação. O processo correu por lá sem o verdadeiro Daniel ter conhecimento e, devido a isso, ele já estava condenado ao ser preso”, argumenta a irmã. “O Daniel foi privado de seus direitos.” 

Após a prisão, os advogados de Daniel entraram com o pedido de Habeas Corpus, tanto em São Paulo, quanto no Piauí, mas não houveram repostas positivas. “É preciso dar entrada em um processo para provar a inocência dele, mas isso levará meses. O Daniel tem uma vida, ele tem um emprego, ele é registrado. Ele está preso por algo que ele não fez, sem ter direito algum. Qualquer pessoa que analisasse isso com cuidado, poderia entrar a favor do Daniel”, frisa Doraci. 

Assalto no Piauí  

Logo após o crime em Francisco Ayres, o suposto Daniel dos Santos foi capturado pela Polícia. Durante a fuga, ele e mais dois assaltantes causaram um acidente na BR-343. Ele acabou preso ainda no local do acidente, enquanto os demais conseguiram fugir.

Um segundo envolvido foi preso um dia depois do roubo, ao ser encontrado à beira da estrada pedindo carona.

“Esse Daniel fez uma audiência com um documento falso e, mesmo assim, o juiz o soltou”, expôs a irmã. “O Daniel daqui, que é o verdadeiro, está preso, e o suposto Daniel foi solto, saiu pela porta da frente da Delegacia.”  

Ainda segundo Doraci, Daniel está sendo vítima de injustiça por duas vezes. “Mesmo com a gente apelando com os Habeas Corpus, eles querem que a gente espere meses para ser resolvido. A gente está clamando por Justiça mesmo.”