A Prefeitura de Mauá pode estar se beneficiando com eventos de competição entre equipes automotivas de som estilo pancadão. De acordo com uma denúncia recebida pela Folha no início deste mês, a Prefeitura teria firmado um acordo com o responsável pelo evento Mega Power Cars Competition, no qual toda a ação social desencadeada na competição (arrecadação de alimentos não perecível) seria revertida ao Fundo Social de Solidariedade da cidade. No entanto, para que os alimentos arrecadados fossem entregues ao fundo de caridade, a Prefeitura deveria garantir que não houvesse fiscalização policial e municipal nos arredores do encontro automotivo.

A Folha teve acesso aos áudios onde um dos organizadores do evento afirma que houve uma reunião com autoridades de Mauá, na qual o esquema teria sido firmado e passaria a entrar em vigor a partir do próximo evento, marcado para o dia 29 de setembro, na Vila Real.

No domingo do encontro entre equipes automotivas, a Polícia Militar efetuou um comando aos arredores do bairro. Não há confirmações se a operação tinha como principal objetivo os veículos que estavam em direção ao evento, no entanto, três carros de duas equipes automotivas diferentes tiveram a documentação apreendida por falta de estepe, pneu careca e outras questões. Ainda de acordo com as gravações, os documentos apreendidos seriam devolvidos em aplicação de multa.

Segundo uma das gravações, a base da Polícia Militar deixou o local após cerca de uma hora por determinação de pessoas que o organizador classifica como “autoridades competentes”.  “Não teve comando, não teve blitz, não teve nada. Foi ‘super de boa’. Teve sim esse lance da base da PM, e a gente deu baixa e os caras foram embora”, afirma um dos responsáveis pela Mega Power Cars Competition.

Uma segunda reunião entre as autoridades e a organização da competição ocorreu ainda no dia do evento, onde, de acordo com o áudio, uma das autoridades teria ficado nervosa pelo fato de a Polícia Militar não ter obedecido à ordem. “Eles garantiram, já acertaram com a Polícia Militar, com o comandante, com tudo que não vai ter mais essas paradas lá”, diz.

A Folha entrou em contato com a Prefeitura de Mauá e com a Polícia Militar. As assessorias de comunicação não se manifestaram a respeito do ocorrido.