Próximo de completar 12 anos sem utilidade, a situação do terreno localizado entre as ruas Stella Bruna Cecchi Nardelli e Felipe Sabbag, na região central, segue como uma verdadeira incógnita. Cercado por alambrado, a área que pertencia a Prefeitura Municipal de Ribeirão Pires, hoje, é sinônimo de abandono e falta de transparência, deixando de oferecer qualquer utilidade pública aos munícipes.

A saga do bem imóvel, conhecido como 45 Graus ou rua Domingos Megias Morgado, começou com o Projeto de Lei de autoria de Executivo Municipal, à época chefiado pelo então Prefeito Clóvis Volpi (PL), em novembro de 2009 e tinha como objetivo alienar o espaço mediante licitação na modalidade concorrência pública.

A justificativa utilizada para apresentação da matéria foi a de que, aos finais de semana, o espaço era tomado por mesas e cadeiras de bares, além de carros estacionados na rua com as portas abertas e som com volume alto, causando desordem e constantes reclamações da população que reside próximo ao espaço.

 Volpi afirmou durante entrevista concedida à Folha, em novembro de 2009, que sua intenção era a instalação de uma loja de magazine no local. “Muitas magazines procuram a cidade para se instalarem, mas nosso maior problema é o espaço para colocar estes empreendimentos. Temos esta área de excelente localização que pode render impostos aos cofres municipais e ainda empregos”, avaliou o prefeito na época.

“Precisamos de receita, se aparecer alguém aqui querendo comprar o Paço para montar um shopping eu vendo. Não posso ficar sentado no metro quadrado mais caro da cidade se ele pode nos gerar receita”, reiterou Volpi durante entrevista à nossa equipe.

Segundo uma reportagem veiculada pelo Diário do Grande ABC, em meados de junho de 2010, o terreno avaliado em R$ 1.513.057,00 (um milhão quinhentos e treze mil e cinquenta e sete reais) foi vendido ao empresário Wagner Damo, no início do mesmo ano.

Ainda de acordo com o documento, estudos realizados pela Prefeitura concluíram que a eliminação da rua não geraria impacto ao trânsito local já que o espaço público era utilizado como estacionamento a 45° em benefício quase que exclusivamente dos estabelecimentos comerciais.

“Desta forma, a alienação do imóvel atenderá o interesse público de modo que sua destinação comercial/empresarial eliminará os problemas enfrentados pelos moradores do local, bem como, possibilitará o atendimento à função social da propriedade, sem contar com a eventual geração de empregos no município”, afirmou o Executivo Municipal no Projeto de Lei.

A matéria, então, virou Lei no município em fevereiro de 2010, após ser submetida à votação na Câmara Municipal. No entanto, de lá para cá, nada de concreto foi realizado e o terreno permanece do mesmo modo.

Questionada, a Prefeitura de Ribeirão Pires não se pronunciou até o fechamento desta edição.