Cidades

Em meio a alta da taxa de transmissão no ABC, RP antecipa fechamento do Hospital de Campanha

Prefeitura da Estância confirmou que toda a estrutura erguida no ginásio esportivo Ozires Grecco será desmontada nos próximos dias

Leitos do Hospital de Campanha foram desativados em 7 de agosto

Imagem:Foto: Reprodução

Por Marília Gabriela

Dados da plataforma de monitoramento da pandemia, a SP Covid Info Tracker, gerida por pesquisadores da Unesp (Universidade Estadual Paulista), e que considera os parâmetros do Estado, apontam que o Grande ABC voltou a registrar aumento na taxa de transmissão da Covid-19 pela população.

O levantamento aponta que o índice de reprodução registrado ontem (23) era de 1,15,  o maior desde 4 de julho, quando apontava 1,04. 

A taxa de reprodução de 1 significa que 100 pessoas que estão infectadas com o coronavírus são capazes de transmitir a doença para outras 100. No caso do Grande ABC, com 1,15, significa que 100 indivíduos conseguem contaminar 115 pessoas.

Este cenário acende um alerta para um provável aumento no número de infectados na região. Apenas na última quarta-feira (22) foram contabilizados, pelas sete prefeituras, 310 novos casos da Covid-19 entre moradores, no dia anterior foram 289. 

O cenário ainda pede atenção das autoridades municipais e de saúde. Contudo, as ações implementadas pela Prefeitura de Ribeirão Pires vão na contramão da prevenção, haja vista que o Hospital de Campanha, que atuava até julho como retaguarda no amparo de pacientes com coronavírus, será desmontado em poucos dias.

A Administração Municipal da Estância tornou a informação pública na última quarta (22). Em justificativa, afirmou que o custo mensal do equipamento passou a ser de R$ 200 mil reais, mesmo que nem todos os leitos tivessem ocupados. 

Como alternativa, os internados foram conduzidos e passaram a serem acompanhados pela equipe de Saúde da UPA Santa Luzia.

Responsável pelo atendimento dos casos de Covid na cidade, o médico Antônio Carlos André de Castro, defende o encerramento das atividades da unidade hospitalar. "Nossas projeções estão dentro da média de dois a três pacientes, o que não justifica manter toda aquela estrutura erguida. Assim, o dinheiro do custo mensal poderá ser indicado para outros investimentos na área da saúde”, disse.

Em nota, a Prefeitura de Ribeirão Pires afirmou que a estratégia era manter o Hospital de Campanha erguido para dar suporte aos pacientes em caso de uma terceira onda da Covid-19, o que não ocorreu até o momento.

O infectologista José Ribamar Branco, ressalta que a variante Delta passou a representar 91% das infecções no Estado de São Paulo, e devido a transmissão comunitária ser mais prevalecente do que as demais variantes, as autoridades municipais devem manter a atenção redobrada.

A incidência da variante Delta pode justificar a alta na taxa de transmissão no Grande ABC, é o que aponta a plataforma Info Tracker, a qual evidencia que a  taxa de transmissão na região é a quarta maior do Estado. 

Na primeira posição está a Grande SP Leste, composta pelas cidades do Alto Tietê, com 1,27, seguida da Grande SP Sudoeste, com cidades como Cotia, Embu, Embu-Guaçu e Itapecerica da Serra, com 1,16. A mesma taxa de transmissão foi registrada na região Oeste do Estado, onde estão cidades como Barueri, Carapicuíba, Itapevi e Osasco.

Em quarto lugar está a região Sudeste, representada pelas sete cidades do ABC, com 1,15, assim como mencionado no início da reportagem. Apenas quando a taxa de transmissão for menor do que 1, considera-se que crise esteja controlada.

Para diminuir a taxa de transmissão, a vacinação em massa é essencial. Até o momento, a cobertura da vacinação no Grande ABC está em 76,3% na primeira dose e 50,3% na segunda dose. Cerca de 3 milhões e 555 mil doses já foram aplicadas na população. 

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