Conhecer o mundo através do futebol. Esse era um dos maiores sonhos de Lidiane de Oliveira, moradora da Vila Belmiro, em Ribeirão Pires. Nos campinhos e nas ruas de seu bairro, acompanhada pelos amigos, a garota deu seus primeiros passos no esporte que, mais tarde, se tornaria sua profissão.

Hoje, aos 28 anos, Lidiane é jogadora do F.C. Kryvbas, time que lidera o campeonato feminino ucraniano. Mas para se consagrar como jogadora em um esporte cercado por preconceitos de gênero, ela precisou superar obstáculos e, principalmente, piadas quanto ao seu desejo de jogar futebol. “Quando jogava com os meninos, sempre rolava umas piadinhas sem graça, sempre havia comentários como “Maria macho”, “Maria moleque”, “vai brincar de boneca”, entre outros”, relembrou a meio-campista em entrevista concedida à Folha.

Os primeiros passos rumo a profissionalização no esporte começou na Sejel (Secretaria de Juventude, Esportes, Lazer, Cultura e Turismo de Ribeirão Pires), no projeto de futsal feminino, combinado com as aulas ministradas na escolinha do A.D. São Caetano. 

A jogadora ainda conta que o amor pelo esporte, junto ao apoio de seus familiares, foi essencial para que ela fosse à busca de seu sonho. Antes de ter sua primeira experiência no futebol europeu, Lidiane atuou em clubes regionais e nacionais, entre eles a categoria de base do Juventus da Mooca, e conquistou prêmios individuais. 

Sua estreia no futebol internacional aconteceu no F.C. Livic, também na Ucrânia, na temporada 2018/2019. Em seguida, a jovem passou pelo A.D. Sala Saragoza, na Espanha, e retornou ao Brasil para atuar pelo Fortaleza.

Antes de seu retorno ao campeonato ucraniano neste ano, Lidiane foi contratada pelo J.C. Futebol Clube, time amazonense. 

“Futebol é uma coisa de louco. Uma hora, você está aqui e, outra hora, os planos mudam e você tem que mudar, mas agora quero permanecer na Europa por mais algumas temporadas”, afirmou.

Questionada sobre o que o futebol significa para ela, Lidiane afirmou que, hoje, o esporte representa muito em sua vida, não só o amor pelo esporte, mas também pelas realizações. “Graças ao futebol, consegui me formar ganhando bolsa de 100%. O futebol me proporcionou conhecer um monte de estados no Brasil, e alguns países da Europa também. Coisa que não sei se conseguiria fazer trabalhando de CLT no Brasil.”

Lidiane ainda aproveitou a oportunidade para deixar uma mensagem às meninas que, assim como ela, sonham em se tornar jogadoras de futebol. “Não deixem que as pessoas afastem vocês dos seus próprios sonhos e nunca desistam deles. Persistam! O caminho é longo, mas é prazeroso. Nunca deixem de sonhar.”