Saúde

Setembro Amarelo reforça o debate sobre luto e suicídio

Sara Andreozzi, psicóloga

Imagem:Foto: Divulgação

Por Marília Gabriela

A campanha Setembro Amarelo, que debate a importância de prevenir problemas de saúde mental e o suicídio, teve início no Brasil em 2015, mas, há décadas o tema é discutido mundialmente.

Segundo a psicóloga Sara Andreozzi Petrilli do Nascimento, que atende na Clínica Elgra, a cor amarela, destaque da ação, foi atrelada ao tema a partir de 1994 nos Estados Unidos, quando um jovem de 17 anos, chamado Mike, cometeu suicídio. Era um rapaz muito talentoso e havia restaurado um Mustang 68 pintando-o de amarelo. No dia do velório, foram distribuídos cartões decorados com fitas amarelas, com os dizeres: “Se você precisar, peça ajuda”. Desde então, o laço amarelo foi escolhido como símbolo. 

Segundo a psicóloga, especialista em psicossomática psicanalítica, nós não nos preparamos para a morte de alguém, mesmo sabendo que é a única certeza que nós temos. O processo de luto é uma crise existencial e dói muito, por isso, não suportamos o sumiço.

“O luto por suicídio causa choque e vergonha por escancarar o sofrimento de forma violenta. Contudo, não podemos confundir o ato da morte com a história da pessoa. Não se usa mais a expressão “suicida”, mas sim, quem morreu de suicídio”, comenta Sara Andreozzi, que aponta que o suicídio tem relação com a situação econômica, questões psiquiátricas, psicológicas e sociais. 

“O pensamento suicida é caracterizado pelos três Is, são eles: “insuportável, inesgotável e interminável”. O suicídio é visto como a única saída que a pessoa tem. Na maioria dos casos, a pessoa não quer morrer, quer acabar com a dor. Há muita ambivalência”, disse.

A atuação do psicólogo é realizada sem julgamentos e voltada para reconectar a esperança do paciente, de que pode haver melhoras e que alguém se importa com ele. “É necessário incluir a família nos cuidados, pois a rede de apoio é fundamental. O processo de luto é transformar dor em amor. Transformar nossa impotência”, conclui a especialista.

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