O prefeito de Rio Grande da Serra, Claudinho da Geladeira (PDSB), convocou uma coletiva de imprensa na manhã da última sexta-feira (23), na qual falou pela primeira vez sobre as ameaças de morte que recebeu recentemente. Visivelmente preocupado com a situação, o chefe do Executivo Municipal afirmou que dará início aos procedimentos padrões para obter o porte de arma, além disso, andará em carro blindado e com colete à prova de balas. 

A reunião no gabinete também contou com a presença dos vereadores Israel Mendonça (PDT), Marcelo Akira (Podemos), Elias Policial (Podemos), Pulú (PSD), Roberto Bernado (Avante) e Zé Carlos (Cidadania). Segundo o prefeito, todos os membros da Câmara Municipal foram convidados para a coletiva. No entanto, apenas os parlamentares que compõem a base do governo compareceram e demonstraram total apoio ao Claudinho.  

Questionado sobre como as intimidações aconteceram, o prefeito não quis entrar em detalhes e afirmou que tomou conhecimento ao andar pela cidade. As ameaças, possivelmente, partiram de adversários políticos que estariam arquitetando contra sua vida.  

“Já estou reforçando a minha segurança, contando com auxílio da Polícia Militar e da nossa GCM. E nos próximos dias vou providenciar um porte de armas, e em todos os dias usarei colete a prova de bala”, disse Claudinho. “Nossa cidade já tem um histórico de assassinato por motivação política, com o caso do Prefeito Carlão. Mais recentemente, em dezembro, tivemos o sequestro do vereador Marcelo Akira. O ex-prefeito Gabriel Maranhão também foi vítima de um atentado.” 

Claudinho ainda afirmou que tem sido difícil trabalhar durante esses dias em razão do medo. “Não tenho dormido direito. Passam muitas coisas pela nossa cabeça. Pensei sim em deixar o cargo, a gente é ser humano. Eu tenho mãe, uma filha, um casal de netos, 17 sobrinhos, 10 irmãos. Se coloca sua família em risco, porque coloca em risco. Eu tenho segurança, mas não há segurança para todos”, expressou.  

Claudinho aproveitou a oportunidade para propor o que ele chamou de “pacto por Rio Grande da Serra”, entre o Executivo e o Legislativo Municipal. De acordo com prefeito, a ideia é unir os poderes e deixar de lado as intrigas políticas. “A cidade não pode entrar em descrédito. Quero que a pessoas vejam Rio Grande da Serra como a princesa do Grande ABC, e não mais como um bairro entre Ribeirão Pires e Paranapiacaba.” 

Sobre a filiação ao PSDB, Claudinho - que é conhecido por sua carreira no PT - afirmou que fez isso por Rio Grande da Serra. “Foi por amor. O que o governador Doria tem feito pela cidade, são quase R$70 milhões de investimento na cidade. Nunca na história um prefeito conseguiu tanto por essa cidade. Nós vamos construir a cidade que queremos: “limpa, iluminada, legalizada e organizada”, finalizou.

Presidente da Câmara Municipal de Rio Grande da Serra rebate declarações de Claudinho sobre conspirações políticas

O presidente da Câmara Municipal de Rio Grande da Serra, Charles Fumagalli (PTB), usou as redes sociais para repudiar as declarações do prefeito Claudinho da Geladeira (PSDB) quanto à possível conspiração política por parte dos parlamentares de oposição ao Governo.

“O prefeito de Rio Grande da Serra, Claudinho da Geladeira, nos últimos dias, usou da imprensa democrática para acusar, sem fundamentos, nós, vereadores, de estarmos cometendo conspirações políticas contra o seu trabalho frente à Prefeitura Municipal. É inadmissível que em um momento tão delicado como o que nossa cidade, Estado e país passam, o nosso prefeito tenha atitudes indevidas como esta”, diz a nota.  

Fumagalli, que não compareceu a reunião convocada pelo chefe do Executivo Municipal, é uma das peças envolvidas no “racha” entre a Prefeitura e o Legislativo, que ainda envolve sua vice, Penha Fumagalli (PTB).  

O assunto chegou a ser levantado durante a coletiva, passando também pela questão do fura-fila da vacina e a possível fraude na aplicação do imunizante envolvendo um funcionário ligado a presidência, no entanto, Claudinho não quis dar muitos detalhes à respeito da briga política existente.  

Ainda de acordo com o posicionamento do presidente da Casa de Leis, o comportamento do prefeito é inaceitável, uma vez que ele teria usado a cadeira no Paço Municipal para manipular a verdade, com a intenção de mostrar que há uma conspiração contra seu governo.  “É muito triste que no sétimo mês de seu mandato, o prefeito, Claudinho da Geladeira, ainda não tenha achado o caminho e a forma de colocar Rio Grande da Serra nos trilhos do desenvolvimento e queira culpar os vereadores por todos os seus desacertos e desencontros com a política municipal”, expressou Fumagalli. 

“Torcemos e almejamos que a nossa cidade encontre o caminho da esperança, do futuro e bem estar de todos e nós, vereadores, jamais nos esconderemos da luta por uma Rio Grande da Serra melhor”, finalizou. 

Procurada pela Folha, a assessoria de Charles Fumagalli afirmou que o presidente não compareceu a reunião, uma vez que o Executivo não informou qual pauta seria discutida.