Mais um novo capítulo sobre as demissões em massa de funcionários da UPA Santa Luzia veio à tona nos últimos dias. Após a Folha divulgar o caos gerado na Saúde do município, após desligamento de cerca de 70 funcionários da OSS (Organização Social de Saúde) Irmandade Santa Casa de Birigui (SP), uma técnica de enfermagem, demitida no final de janeiro, procurou nossa equipe para relatar o atraso quanto aos pagamentos.  

De acordo com a denúncia, até o momento, o salário referente ao mês de janeiro não foi depositado na conta dos profissionais e a rescisão do contrato também não foi paga. O problema se estende, ainda, aos funcionários do Hospital de Campanha, que, segundo informações, estão sem receber desde o dia 5 de fevereiro.  

A ex-funcionária conta que já entrou em contato com a Prefeitura de Ribeirão Pires, que alega esperar o repasse da Santa Casa de Birigui para normalizar as pendências, enquanto a Santa Casa transfere toda a responsabilidade para a Estância.  

Ao ser demitida, a técnica de enfermagem foi informada que seria recontratada pela nova administração da unidade, mas que nada foi concretizado. “O pior não é isso. É que não recebemos nem o pagamento de janeiro e a rescisão. Estamos cheio de dívidas, cheio de contas para pagar, e eles não dão uma resposta.” 

Na reportagem veiculada pela Folha na última sexta-feira (19), a Prefeitura afirmou, em nota, que o atendimento e os procedimentos técnicos continuariam os mesmos, sem nenhum ônus à população. Ocorre que, com o corte na equipe prestadora de serviços, houve uma sobrecarga de funcionários que permaneceram submetidos a plantões de 12h dia após dia e não mais como era anteriormente - obedecendo a regra de 12h por 36h. “Eu estive lá e vi que havia gente de plantão, quando, na verdade, era para estar de folga”, relatou.  

Questionada pela Folha, a Prefeitura de Ribeirão Pires afirmou que o atraso no pagamento ocorreu devido a demora do envio dos documentos por parte da Santa Casa de Birigui, que só realizou tal ação após notificação da Prefeitura, realizada no dia 18 de fevereiro. A contra-notificação foi recebida e protocolada na Secretaria de Saúde apenas no dia 19 de fevereiro.  

“Após o recebimento, a Prefeitura já deu início a todo trâmite interno para realização do pagamento, incluindo a conferência da documentação, assinatura do empenho e encaminhamento ao setor de Finanças. A inércia no pagamento foi causada exclusivamente pela Santa Casa de Birigui. A previsão é que ainda essa semana seja realizado todo o pagamento pendente e a situação seja normalizada,” esclareceu. 

A Prefeitura ainda esclareceu que o pagamento é de responsabilidade da Birigui. “A Santa Casa de Birigui presta o serviço, no final do mês são apresentados os relatórios, esses relatórios são conferidos, é realizada a validação e a Prefeitura faz o pagamento à Santa Casa de Birigui, que por fim, deve pagar os funcionários”, explicou.  

Quanto à jornada dupla, a pasta afirmou que o sistema de saúde está em colapso. “Aumentamos a quantidade de médicos na UPA e estamos tentando aumentar a quantidade de funcionários. O que vem acontecendo com frequência é o afastamento de funcionários por conta do diagnóstico de Covid-19 e a Santa Casa de Birigui está tendo dificuldade para essa reposição, fazendo com que alguns funcionários sejam convidados a trabalharem em hora extra, de acordo com a legislação trabalhista.” 

“Estamos pedindo para que a Birigui mantenha os serviços de acordo com o contrato vigente entre as partes, ainda que os funcionários estejam de aviso prévio, para que não haja maiores prejuízos aos munícipes. Esclarecemos ainda, que não sabemos quem será a nova contratada para fazer a gestão de funcionários e médicos da UPA Santa Luzia”, finalizou.