Cidades

Consórcio debate importância do SUS durante a pandemia e desafios no futuro

Entidade regional reuniu secretário estadual da Saúde e especialistas para discutir os 30 anos da Lei Orgânica da Saúde

Encontro virtual reuniu cerca de 200 pessoas, na última sexta (18)

Imagem:Foto: Divulgação

Por Marília Gabriela

O Consórcio Intermunicipal Grande ABC reuniu, na última  sexta-feira (18), um grupo de especialistas em saúde pública para debater os 30 anos da aprovação da Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080), que detalhou o funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS).

Promulgada em 19 de setembro de 1990, a lei estabelece que o acesso à saúde é de direito universal e gratuito a todo cidadão e de responsabilidade do Estado. 

O evento foi organizado pelo Grupo de Trabalho (GT) Saúde da entidade regional e realizado por meio de videoconferência, reunindo aproximadamente 200 pessoas, incluindo representantes de outros estados.

A importância do SUS para o enfrentamento da pandemia da Covid-19 foi um dos destaques do encontro. Entre os debatedores, o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, ressaltou que o papel do SUS ficou evidente durante o combate ao novo coronavírus.

“Ter uma estrutura tão matriarcal, que atende a todos indistintamente, foi um diferencial. Ao longo dos anos, o SUS deixou de ser lembrado e receber recursos. Agora ficou muito claro que ele teria de ser acolhido”, afirmou Gorinchteyn.

Um dos desafios do SUS, segundo o ex-secretário estadual da Saúde e atual reitor da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), David Uip, está atrelado ao investimento financeiro para a manutenção do sistema.

“Hoje, alguns municípios colocam 50% dos seus orçamentos na saúde pública. O que era responsabilidade federal foi terceirizado para estados e municípios”, disse Uip.

O médico infectologista afirmou ainda que houve um grande investimento em saúde pública neste ano no país, mas são necessários aportes contínuos para manutenção da infraestrutura e para a qualificação dos profissionais da saúde.

Muitos hospitais foram reequipados e as equipes médicas ganharam reforços nos últimos meses, mas, a resposta à população poderia ter sido melhor se houvesse investimento ao longo dos últimos anos.

A presidente do Instituto de Direito Sanitário Aplicado (Idisa), Lenir Santos, ressaltou que o SUS ganhou uma visibilidade na pandemia que até então não havia recebido. Além disso, classificou a Lei Orgânica da Saúde como potente e vigorosa, pois garante o acesso universal à saúde, assim como atendimento integral e igualitário.

O sistema é responsável pelo atendimento de 100 milhões de pessoas, em centros urbanos e rurais de todo o país. 

Nelson Rodrigues dos Santos, conselheiro do Idisa, apontou que o SUS tem como ameaça ao seu sistema o subfinanciamento e a falta de investimentos federais, além das subvenções federais às empresas privadas de planos e seguros de saúde, que vai em desencontro à gratuidade universal da saúde.

O coordenador do GT Saúde do Consórcio ABC e secretário da pasta em São Bernardo do Campo, Geraldo Reple Sobrinho, considerou o encontro como histórico. “O SUS é muito forte. E é forte porque somos unidos. Reunimos pessoas com pensamentos políticos completamente diferentes, mas, estamos todos imbuídos em um só, que é a Saúde e o SUS”, afirmou Reple.

O debate foi moderado pela sanitarista Aparecida Linhares Pimenta e contou com participação do vice-presidente do Consórcio ABC e prefeito de Diadema, Lauro Michels, e do secretário-executivo da entidade regional, Edgard Brandão.

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