O editorial de hoje repete alguns editoriais do passado homenageando e lamentando a morte de pessoas que não deveriam ter tal destino. Pessoas que tinham sonhos, famílias, buscavam uma vida melhor, contudo, tinham um carma pesado: moravam em área de risco. Vale lembrar que não por escolha, mas por necessidade.
As quatro mortes ocorridas em Ribeirão Pires, se unem a tantas outras já noticiadas pela Folha ao longo dos 30 anos de publicações.
Em comum, a tragédia que na época das chuvas fortes acabam se repetindo.
Entra ano, sai ano, e os morros deslizam, as ruas ficam intransitáveis, os gestores dão as mesmas explicações e as famílias choram os seus familiares.
O que a reportagem presenciou ontem na rua Caiçara foi desolador. Homens, mulheres e crianças chocados, com o olhar pregado nos bombeiros em um misto de dor e esperança, mesmo que a visão mostrasse que daquele lugar não sairia mais ninguém com vida.
Ao término da retirada dos corpos uma senhora solitária meio que pensando alto desabafou: “Quantos mais?”. Simples pergunta que ficará sem resposta.
Hoje, os que morreram serão enterrados sob aplausos, amanhã, a vida seguirá o seu rumo, até que uma nova tempestade chegue, os morros fiquem encharcados e a terra deslize para, mais uma vez, interromper a vida de pessoas que não tiveram melhor sorte.
As cidades cresceram, os governos deixaram isso acontecer e hoje assistem sem muito ter o que falar sobre o despreparo governamental para enfrentar o problema das moradias em região de risco.
Até quando? Nem eles sabem!