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Um ano de pandemia na região do ABC

Por Alexandre Damásio

Há um ano, não esperávamos que as coisas iriam mudar tanto. Desde o começo da pandemia, o ABC salvou mais de 120 mil pessoas, mas, infelizmente, perdemos 5.096 vidas para a Covid- 19. Escancaramos as diferenças entre as classes socioeconômicas, entre os serviços particulares e os públicos, entre formais e informais.

No mesmo período do ano passado, não estávamos preparados para os novos modelos de trabalho, como o home office. Havia incertezas de como se proteger do contágio. O trabalho híbrido se tornou mais conhecido, a máscara se consolidou como equipamento que evita contágio, não há qualquer receio de desabastecimento de produtos e alimentos, houve passeata para abrir escolas particulares, jovens começam a ser vítimas da Covid - 19. 

Os pequenos empresários no último ano tentaram digitalizar seus negócios, alguns conseguiram, mas não se adaptaram aos novos custos da operação on-line.

Em 2020, a região recebeu mais de 1,7 bilhões de reais em auxílio emergencial e os bancos privados aumentaram em 15% a oferta de crédito nas suas carteiras. Mesmo assim, temos 1,6 milhão de desempregados e mais de 40% da população economicamente ativa está negativada. 

Entramos em novo lockdown com os mesmos problemas mal resolvidos, com menos auxílio emergencial e sem nenhum fôlego de capital de giro. Os novos compradores digitais consolidaram-se, enquanto o varejo de rua padece.

Falávamos em 45 milhões de desbancarizados e, em 2020, regulamentamos a poupança social digital e digitalizamos a população de baixa renda em aplicativos da Caixa Econômica e do Banco do Brasil. Só as contas digitais ultrapassam 60 milhões de usuários.

Tivemos eleições municipais em um pleito onde concorreram 56 prefeitos e 3,6 mil candidatos a vereador. Há um ano, não falávamos em negacionismo, tampouco polarizamos a discussão em quem segue as recomendações técnicas-sanitárias contra a  Covid-19 e quem não segue recomendações. Em 2020, estimamos um PIB Regional próximo de R$ 122,7 bi, mas, segundo estimativas, perdemos mais de 5 bilhões entre anos. 

Somos mais de 2 milhões de eleitores e temos apenas três deputados federais e seis deputados estaduais com domicílio eleitoral na região. Em 2020, a eleição municipal no ABC alcançou o maior índice de abstenção desde a redemocratização.

Cerca de 21,6 mil comércios fecharam neste último ano e vivenciamos a desestruturação do polo metal-mecânico e automobilístico com a desativação de grandes plantas industriais. Se fôssemos uma cidade única, teríamos muitos problemas, mas estaríamos no ranking dos cinco maiores PIBs do Brasil.  Lá se foi um ano.

Alexandre Damásio - Presidente da CDL de São Caetano

Imagem: Folha de Ribeirão Pires

Alexandre Damásio

Presidente da CDL de São Caetano

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